A policia da Austrália anunciou nesta sexta-feira (17) que o site WikiLeaks não cometeu nenhum delito criminal no país ao divulgar comunicados secretos da diplomacia dos Estados Unidos, os quais tratavam de questões sensíveis do governo e, portanto, não será mais alvo de investigação no país.
'A AFP (a polícia federal australiana) completou sua avaliação do material e não constatou a existência de nenhum delito criminal sobre o qual a Austrália teria jurisdição', disse em um comunicado.
O criador do site WikiLeaks, o australiano Julian Assange, deixou na quinta-feira a prisão em Londres, após pagar fiança para aguardar em liberdade o processo que pode levá-lo a ser extraditado para a Suécia para responder por crimes sexuais. Assange afirma ser vítima de uma perseguição política, e prometeu continuar revelando segredos governamentais.
O governo da Austrália havia ordenado que a polícia investigasse se o WikiLeaks tinha cometido crimes no país. O pedido foi feito depois que a primeira-ministra, Julia Gillard, comentou que a "pedra fundamental" da liberação dos despachos diplomáticos dos EUA pelo WikiLeaks era um "ato ilegal que certamente violou as leis dos Estados Unidos da América".
Gillard vem sendo criticada por partidários do WikiLeaks e por alguns membros de seu governo, trabalhista, por ter possivelmente prejudicado Assange em qualquer ação criminal futura.
O WikiLeaks tem irritado o governo dos EUA nas últimas semanas, desde que começou a divulgar mais de 250 mil comunicações secretas de diplomatas norte-americanos.
'Calúnias'
Na noite de quinta, Assange se disse vítima de calúnias.
"Essa tem sido uma campanha difamatória muito bem sucedida, e muito errada", disse Assange à BBC, já instalado na mansão do ex-oficial do Exército britânico Vaughan Smith, em Suffolk, leste da Inglaterra.
Sem entrar em detalhes, ele previu novas difamações por parte das autoridades suecas, e disse que seus rivais aproveitam o caso para prejudicá-lo por causa do WikiLeaks, site que desde o mês passado vem divulgado mais de 250 mil comunicações sigilosas da diplomacia norte-americana, o que causou constrangimentos para os EUA e seus aliados.
"Basta olhar para o sorriso irônico do secretário de Defesa (dos EUA, Robert) Gates ao saber da minha prisão... para entender o valor disso para os adversários desta organização", disse.
O anfitrião de Assange já disse que a conexão com a Internet na sua mansão, a cerca de três horas de viagem de Londres, não é muito boa. Assange afirmou que as condições no local são "um flagrante impedimento" ao seu trabalho, mas que isso não o impedirá de fazê-lo.
"Como vimos durante minha ausência, as coisas (no WikiLeaks) estão bem encaminhadas para funcionarem mesmo sem o meu envolvimento direto", afirmou.
Além de se instalar na casa de Smith, Assange terá de usar um localizador eletrônico e precisará respeitar um toque de recolher e se apresentar diariamente à polícia. O australiano e seus advogados não escondem o temor de que ele venha a ser indiciado também nos EUA, por espionagem.
Vendo a movimentação de jornalistas no meio da neve à espera de Assange na mansão de Suffolk, uma vizinha, Janice Game, de 63 anos, deu crédito ao novo hóspede da região.
"Não acho que Vaughan iria tê-lo em casa se não acreditasse completamente que ele é inocente", afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário