segunda-feira, 16 de março de 2009

Protógenes defende invasão de terras de Dantas (Tribuna da Imprensa)



Protógenes promete grandes revelações quando for
depor, em abril


SÃO PAULO - O delegado da Polícia Federal Protógenes Queiroz defendeu ontem em São Paulo que "ocupar fazenda de banqueiro bandido é dever do povo brasileiro''. Ele manifestou assim seu apoio à invasão da fazenda Espírito Santo, de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, por 280 militantes do Movimento dos Sem Terra (MST), no último dia 28.

Protógenes foi o coordenador da Operação Satiagraha, que apurou possíveis ilegalidades cometidas por Daniel Dantas à frente do Grupo Opportunity. No dia 1º de abril, o delegado deve comparecer à CPI dos Grampos da Câmara para explicar supostos abusos que teriam ocorrido durante as investigações. Protógenes foi afastado do caso.

Segundo o delegado, que ontem discursou diante de 70 militantes do Movimento Terra, Trabalho e Liberdade, ligado ao PSOL, "no dia 1º, o povo brasileiro vai ver em que condições essas terras [as da fazenda Espírito Santo] foram adquiridas'', além de saber "quais os interesses escusos por trás disso aí''.

O encontro contou com a participação da presidente nacional do PSOL e hoje vereadora de Maceió, Heloísa Helena, que tratou o delegado todo o tempo por "herói''. Alguns ativistas vestiam camiseta amarela com inscrição em verde "Protógenes contra a corrupção''.

Foi nesse cenário que o delegado convocou os presentes a organizarem caravanas para, no dia 1º, em Brasília, "exigir a punição daqueles que saquearam os cofres do nosso país. E para impedir a punição daquele servidor público federal que cumpriu o seu dever''. Falava de si mesmo.

Interrompido por aplausos, prometeu explicar como se deu a participação no que chamou de "quadrilha'' de cada personagem "que tem relação espúria, corrupta, criminosa com o banqueiro bandido Daniel Dantas''.

Em pelo menos sete vezes, o delegado referiu-se a Daniel Dantas como o "banqueiro bandido''. E disse que, no Brasil, "falta punição''. Mencionou Bernard Madoff, preso na semana passada depois de se declarar culpado em um dos maiores escândalos financeiros dos EUA. "E o nosso banqueiro aqui? É homenageado e cortejado'', disse Protógenes.

A defesa de Daniel Dantas alega que houve irregularidades e atos persecutórios na investigação conduzida pelo delegado da PF. Fazendas do banqueiro no Pará são o alvo declarado do MST na região.

sexta-feira, 6 de março de 2009

"CartaCapital" destaca coerência da TRIBUNA (Tribuna da Imprensa - 6 e 7 de dezembro de 2008)



Justiça que tarda falha
Reprodução Herança da ditadura
e morosidade do
Judiciário resultam
no fechamento de
jornal histórico,
dirigido por Helio
Fernandes

SÃO PAULO - A Revista "CartaCapital" destaca, em sua edição que chegou às bancas ontem, que a TRIBUNA DA IMPRENSA "mostra coerência e firmeza em sua linha editorial e uma notável capacidade de sobrevivência".

A publicação lembra que o Editorial do último dia 2 conta como o jornal "foi forçado a interromper a circulação, devido à demora do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, para julgar a indenização cobrada da União desde 1979, por perseguições na ditadura. O processo aguarda decisão em sua mesa desde abril de 2006".
Abaixo, a íntegra do que diz a "CartaCapital":

Por uma dessas ironias da história, a Tribuna da Imprensa, jornal fundado por Carlos Lacerda em 1949 e que serviu ao golpismo udenista do segundo governo de Getúlio Vargas ao início do governo João Goulart, deixou de circular por efeito retardado do golpe militar que seu fundador tanto desejou, embora tenha cortado laços com o Corvo bem antes do golpe de 1964.

O jornalista Hélio Fernandes, que o adquiriu em 1962, imprimiu-lhe outra orientação, criticou a ditadura e pagou o preço de dez anos de censura prévia, de junho de 1968 a junho de 1978 e de um atentado a bomba em março de 1981. Sofrendo o boicote dos anunciantes após a truculência da ditadura, o jornal mostrou coerência e firmeza em sua linha editorial e uma notável capacidade de sobrevivência.

Mas o editorial na primeira página da última edição, de 2 de dezembro de 2008, conta como foi forçado a interromper a circulação, devido à demora do ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal, para julgar a indenização cobrada da União pelo jornal desde 1979, por perseguições na ditadura. O processo aguarda decisão em sua mesa desde abril de 2006.

Os empregados, que não receberam os salários de outubro e novembro, terão de esperar, sem receber, por uma possível solução. O jornal ainda não morreu definitivamente. A versão on-line continua a ser atualizada e Fernandes, de 88 anos, aposta na indenização para voltar a circular. CartaCapital espera que, no papel ou na internet, a Tribuna da Imprensa continue a prestar seus valiosos serviços ao pluralismo e à democracia e que a justiça tão protelada finalmente seja feita.